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Gestão de Preço

A importância da gestão mercadológica dos preços

Quando um gestor de varejo decide aumentar seu lucro, o resultado que aparece na linha final, geralmente a primeira ferramenta que lhe vem a mente é uma gestão mais austera dos custos fixos e das compras. Essa decisão não está equivocada mas existem outras ferramentas tão ou mais eficientes que a gestão dos custos.

Neste post pretendo ilustrar uma das possibilidades de ganho com a gestão mercadológica dos preços. Para isso vamos acompanhar a distribuição exemplo das rubricas de um orçamento comum de uma empresa de varejo.

Preço01

Para uma empresa de faturamento 100, normalmente tem-se um custo variável de 60, custo fixo de 20, impostos de 15 e lucro 5. É claro que essa distribuição é um exemplo. E por isso recomendo que você teste o conceito que aqui trataremos nos seus números. Penso que os resultados serão muito próximos.

Preço02

 Para aumentar a lucratividade, uma das ferramentas mais comuns é a redução do custo fixo. Nesse caso, para cada 1% de redução no custo fixo, a empresa tem um crescimento no lucro de 4%. Em outros termos, a alavanca da redução do custo fixo é de 4 vezes na lucratividade.

Preço03

 Outra forma de aumentar o resultado é o crescimento das vendas. Aqui, no caso ilustrado, para cada 1% de crescimento nas vendas, a empresa tem um crescimento no lucro de 5%. Sendo assim, a alavanca do crescimento das vendas é de 5 vezes na lucratividade.

Preço04

Como antecipamos acima, a gestão mais austera das compras também é uma ferramenta que eleva os níveis dos resultados. No exemplo ilustrado acima, para cada 1% de redução no preço das compras (boa parte dos custos variáveis no varejo), temos um crescimento de 12% no lucro. Alavanca de 12 vezes.

Preço05

Finalmente, o exemplo da alavanca de maior poder, o preço. No caso genérico que usamos, para cada 1% de aumento dos preços, mantido o mesmo nível de vendas, temos um crescimento de 17% no resultado final. Alavanca de 17 vezes na lucratividade!

Essas situações ilustradas, sobretudo a última, servem para nos alertar da importância da gestão mercadológica dos preços. Gestão financeira dos preços todos tem. A maioria dos gestores de varejo tem uma ideia de mark-up médio dos produtos que vendem. A questão posta aqui se refere ao momento que o mercado começa a ditar os preços. O que fazer? Quando manter meus preços? Quando reduzir? Se eu tiver que reduzir, em quais produtos as reduções devem acontecer e em que grau?

Ficou muito claro através dos exemplos aqui utilizados que o preço é a ferramenta mais poderosa de impacto na lucratividade, tanto para aumentar quanto para reduzir a margem. E por isso fica a destacada reflexão: Qual a importância que você vem dedicando a gestão mercadológica de preços dos seus produtos? Quais os processos são desenvolvidos na sua empresa para monitorar os preços dos seus principais concorrentes aos olhos do seu cliente? Antes ainda, com quais marcas sua empresa é comparada?

Eficiência operacional na gestão de varejo vai muito além do corte de custos. Você não acha?

Foto: Bob Menezes

O pipoqueiro Seu José e o que ele pode ensinar para as grandes empresas.

Já comentei neste espaço que as lições mais simples de gestão invariavelmente são as de maior valor para as organizações.

Hoje, vou ilustrar esse meu ponto de vista abordando um tema muito relevante para as empresas que atuam no mercado de consumo, a ciência em torno da discriminação de preços. O nome sugere algo complexo, mas de fato não é. Acompanhe essa história cotidiana e de muito aprendizado.

Seu José, pipoqueiro há mais de dez anos, tem destino certo quando chega o final do dia, pega seu carrinho e vai até uma praça próxima da sua casa, praça que escolheu e que lhe adotou. Suas pipocas, parte do clima de diversão do lugar, são vendidas a R$ 3,00, cada saquinho de 80g, a embalagem padrão e comumente encontrada em todos os pipoqueiros.

Nos últimos dias, entretanto, Seu José tem percebido que essa embalagem não satisfaz todos os consumidores. Alguns gostariam de comer menos e por isso, muitas vezes, compram apenas um saquinho para dividir entre duas ou três pessoas. Caso que observa com mais frequência quando crianças fazem parte desses grupos.

Percebendo essa demanda, Seu José foi até a loja de embalagens na semana seguinte e comprou dois tamanhos diferentes, o saquinho comum de 80g e um menor de 40g. O passo seguinte foi intuitivo, decidir sobre os preços, pensou: iria continuar vendendo o saquinho de 80g a R$ 3,00 e oferecer adicionalmente o de 40g a R$ 2,00. Poderia perder faturamento, avaliou. Afinal muitos consumidores poderiam migrar para o saquinho de R$ 2,00, mas o risco valia a pena e algo lhe dizia que as vendas iriam crescer: mais saquinhos de pipoca seriam vendidos com as diferentes opções de tamanhos e mais consumidores seriam atendidos.

Ele estava certo! Antes, com apenas uma embalagem, Seu José vendia, em média, 600 saquinhos de pipoca por mês que lhe rendiam R$ 1.800 de renda. Após a inclusão de mais uma embalagem, Seu José passou a vender 860 saquinhos de pipoca associados a uma renda de R$ 2.180.

Acompanhe os números com apenas uma embalagem oferecida:

Embalagem Preço Vendas Faturamento
80g R$3 600 R$1.800

E como suas vendas ficaram com a oferta de duas embalagens, dois preços:

Embalagem Preço Vendas Faturamento
80g R$3 460 R$1.380
40g R$2 400 R$800
Total 860 R$2.180
Crescimento 43,3% 21,1%

Seu José gostou da experiência, sua renda cresceu perto de 20% com quase o mesmo esforço, uma vez que os custos adicionais das embalagens e do milho são praticamente desprezíveis.

A história desse atento pipoqueiro tem muito a nos ensinar, muitas reflexões devem naturalmente surgir: Na sua empresa hoje, seus produtos e serviços são oferecidos em quantas versões para seus clientes? As diferentes demandas de seus clientes são atendidas por diferentes ofertas de produtos?

Seu José continua atento. Agora anda avaliando oferecer um tamanho maior de embalagem, e quem sabe também pipoca doce e salgada. Seu José é quem sabe das coisas!

Uma boa semana para todos nós e até o próximo encontro.